A publicação de autoria de Julie Oliveira é uma versão em cordel de “O mito de Pandora”
A literatura de cordel ainda é um espaço com forte presença de homens e com pouca visibilidade feminina, visto que, as mulheres têm sido historicamente apagadas dessa literatura, embora estivessem escrevendo, muitas vezes no anonimato ou sob pseudônimos, como no caso de Maria das Neves Baptista Pimentel, primeira mulher cordelista que se tem registro, tendo publicado um cordel em 1938.
Determinada a mudar esse fato, a cearense Julie Oliveira se dedica a escrever cordéis e publicar obras de diversas autoras, propondo que as mulheres possam contar suas histórias a partir de sua própria voz. “A mulher no cordel sempre foi retratada pelos homens de forma estereotipada, por vezes, como bruxa, princesa, santa, e outros clichês, no entanto, é chegado o momento de sermos lidas ouvindo o som da nossa própria voz. Nós estamos reescrevendo histórias consideradas clássicas, mas com a nossa visão, com o nosso olhar“. Explica a cordelista.
E foi assim que nasceu “A História de Pandora em Nova Simbologia.“ O mito grego de Pandora narra a história da origem do mal, e semelhante a outros mitos ocidentais, coloca a encargo das mulheres a pesada responsabilidade dos males do mundo. Essa visão está presente em boa parte da história da humanidade – porque foram escritos por homens -, mas felizmente, vem sendo problematizada por meio de novas criações, a exemplo do reconto em cordel de Julie.
Para a autora, lançar esta obra abre um debate sobre o processo de desconstrução de mitos femininos que ainda são tão estereotipados no cordel – e não só – mas, na literatura como um todo. “Minha literatura busca por um lugar de fala e de luta.” Explica.
Com forte presença feminina em toda a concepção, a obra foi ilustrada (capa e internamente) pela xilogravurista Gabrielle Longobardi, e tem sua quarta capa assinada pela professora e pesquisadora sergipana Isis da Penha, que ao se referir a obra destaca: “Julie se inscreve com esta publicação, nas novas possibilidades de observar e conceber a historiografia e as cosmovisões sobre o mundo”.
A obra é um projeto fomentado com recursos da Lei 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc – por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (SECULTFOR). O lançamento será virtual nas redes da autora, nesta sexta-feira (11/02) às 20h.
Serviço
Data lançamento: Sexta-feira (11/fevereiro)
Horário: 20h
Local: Virtualmente em @julie.oliveras