O que vivi nas melhores taças que bebi
Por Felipe Rocha
É sempre boa a oportunidade de partilhar bons momentos. Já há algum tempo adquiri o costume de ler um pouco sobre os vinhos das regiões que viajo. Isso me localiza muito bem em relação a história, já que todas as grandes regiões tradicionais do vinho são pontos focais de grandes acontecimentos e referências regionais.
Gostaria de deixar registrado grandes momentos bebidos em 6 rótulos que marcaram algumas das viagens mais prazerosas que tive.
Africa do Sul – Kanonkop
Estivemos em 2018, eu e Paulinha, em Stellenbosch. De lá tivemos a grata surpresa de visitar algumas vinícolas importantes como a Delaire Graff. O marcante dessa viagem foi o grande Pinotage da Kanonkop Estate Wine da safra 2011. Uma casta que normalmente não envelhece muito, mas estava em ótima forma esse vinho; super equilibrado e com aromas muito complexos.
Chile
Para não deixar de citar a América do Sul, um dos vinhos que indiferentemente da safra sempre estar em boa condição de prova, o Don Melchor, da grandiosa vinícola na região metropolitana de Santiago Concha y Toro, o que me marcou foi o 2012. Apesar de seus 8 anos de produção, sensorialmente ainda novo, muito violáceo, os aromas somente se mostram depois de decantado por 1h. Uma lembrança entre vários já degustados, este vinho foi provado em uma viagem ao deserto do Atacama.
EUA
Na minha última viagem aos Estados Unidos eu resolvi provar um dos novos queridinhos da América, o Prince of Hearts. Um blend das castas de Bordeaux, Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc, com grandes notas de chocolate, referência a grande passagem de 18 meses por barricas de carvalho francês, com muito corpo e álcool e trouxeram muita potência e estrutura ao vinho que foi degustado em um natal que passei em Orlando.
Espanha
Um país que lembro sempre com muito carinho tem também grande tradição de produção de vinhos, sendo uma ótima oportunidade de provar grandes rótulos com menor investimento. A região que mais me marcou foi a dos vinhos da Ribera del Duero, fora os grandes vinhos da famosíssima Vega Sicília. Um que não falta nas minhas compras de vinhos espanhóis é o Gran Reserva da vinícola Arzuaga. Um vinho com 95% da casta tinto fino, como a Tempranillo é chamada na região, de vinhedos com mais de 90 anos. Uma delicadeza de quem só lança o vinho no comércio depois de 5 anos de produzido.
Itália
Berço da viticultura moderna, a Enótria, como a Itália era chamada pelos Gregos em tempos antigos, produz uma grande diversidade de vinhos. Os que eu mais gosto, que me leva de volta a grandes momentos vividos in loco, são os piemonteses. No norte da Itália, tem uma região de grande referência mundial, a região de Barbaresco, onde na casta Nebbiolo produz um vinho com muita longevidade, que inclusive só se mostra assim: com o passar dos anos. Eu tenho uma admiração pelos vinhos do produtor Angelo Gaja, ao qual eu já tive a honra de provar grandes Barolos, mas foi o Barbaresco Costa Russi 1993 que em um evento na Cavalieri que me encantou.
França
Aqui já tive grandes momentos em taça, dos premières crus classes de Bordeaux, a alguns Borgonhas dos quais eu sempre trago gratas lembranças. Desse país recomendo um vinho branco. Inclusive o último provado está na lista dos melhores brancos de toda a vida. O Clos des Mouches, um premier cru do produtor Joseph Drouhin 2006, um branco com a complexidade de um Chardonnay de 16 anos em plena forma, acidez refrescante e um volume de boca que encantava e fazia pensar por muito tempo.