O Museu da Cultura Cearense, no Dragão do Mar, abre na próxima quarta-feira (14), às 18h, a exposição “Habitantes”, do fotógrafo Celso Oliveira. Em cartaz até março de 2023, a mostra gratuita reúne cerca de 60 fotografias em tamanhos variados e projeções que retratam pessoas em seus vários recantos, sendo a maioria dos registros pelo Nordeste do Brasil, entre 1975 e 2022. Após a abertura, a mostra poderá ser visitada de terça a sexta, das 9h às 18h, e sábados, domingos e feriados das 13h às 18h, sempre com último acesso às 17h30.
A mostra dispõe de recursos de acessibilidade, como mediação inclusiva com intérprete de libras, audiodescrição, textos e legendas em braille e letras ampliadas, além de vídeo com tradução em libras.
Em decorrência do aumento do número de casos de coronavírus, o complexo cultural recomenda que os seus visitantes sigam com o calendário vacinal atualizado e preservem o uso de máscara.
Além de convidar o público a fazer um “passeio” pela obra de Celso Oliveira, “Habitantes” apresenta as visões do artista acerca da condição humana, propondo uma leitura sobre a identidade cultural dos povos latino-americanos, a partir da forma poética com que o seu olhar capta o ser humano em diferentes estados de vivências. Segundo Valéria Laena, Assessora de Museus do Dragão do Mar, a mostra é também uma revisitação à potente produção do artista visual ao longo dos 48 anos de carreira que o consagraram como “mestre das imagens humanizadas”.
O Projeto contempla quase cinco décadas de estrada em que Celso permanece fotografando esses viventes latino-americanos, resultando numa “grande celebração da diversidade humana”, cujo título vem exatamente dessa essência marcante do seu labutar, como ele próprio explica: “São vislumbres através das lentes que percorrem lugares e suas gentes, sempre sob indagações e reflexões acerca e de quem se deixa fotografar, sendo normalmente pessoas simples em suas localidades no mundo, guardando desde a resistência em sair de seus recantos à coragem de desbravar outros espaços desconhecidos, ou mesmo o temor de reconhecer âmbitos que não são os próprios habitats, como o sertanejo que nunca foi ao litoral, os interioranos, suburbanos e aqueles que se deslumbram, por exemplo, com seus primeiros banhos de mar.”, afirma o artista e curador.
O olhar curioso, crítico e poético do autor revela tanto a aproximação quanto o distanciamento entre os seres humanos, habitantes do globo terrestre. Olhares, gestos, jeitos, cores, sorrisos, tristezas e costumes, enfim, toda a diversidade de imagens captada pela subjetividade do olhar do fotógrafo. Ao centrar o ser humano como o elemento primordial de sua obra, Celso estimula a si e aos espectadores “a compreendermos que somos gente, diferentes ou iguais; as imagens revelam o que é essencial para a existência humana, que temos por condição a pluralidade”, explana.
Para Oliveira, andarilhos vagando ou reconhecendo os mundos, inclusive os seus universos mais próximos, são reflexos que contemplam, também, a própria condução dos fotógrafos, já que seriam eles próprios andarilhos em busca de lugares de ser e ver, aos outros e a si. “Tanto é assim que me vejo muito nos meus trabalhos, sou partícipe das minhas fotos, e os registrados nessas imagens sentem isso, que queremos fazer parte dos focos”, afirma o fotógrafo carioca, residente em Fortaleza já há 42 anos.
A mostra convida ainda o público a explorar a obra de Oliveira para além do espaço físico do museu, visitando o site https://habitantes.miraif.com.br/, onde podem ser acessados mais de 250 trabalhos, além de depoimentos de jornalistas e pesquisadores sobre o seu trabalho, entre eles, Tuty Osório, Demitri Túlio, Dilmar Miranda, Valéria Alemão e Silas de Paula.
Sobre Celso Oliveira
Celso Oliveira tem um olhar diferenciado que conquistou o Ceará, o Brasil e o mundo. Seu trabalho se volta, sobretudo, ao registro de manifestações culturais e festas populares do Nordeste. Carioca de nascimento e cearense de coração, começou a carreira em 1975 como assistente de laboratório no Estúdio Fotografismo e Artes, no Rio de Janeiro. Em seguida vai para São Paulo, onde trabalha para jornais e revistas, como Veja, IstoÉ, Visão, Tênis Esporte e O Globo.
Em 1980 chega a Fortaleza (Ceará), onde integra a equipe coordenada por Chico Albuquerque (1917-2000) no jornal O Povo e participa do grupo de fotógrafos Dependentes da Luz. Na capital cearense, junto ao fotógrafo Tiago Santana, em 1994, criou a agência e editora Tempo D’Imagem com o objetivo de desenvolver ensaios documentais e livros de fotografia. Participa de diversas exposições, tanto no Brasil quanto no exterior, entre as quais se destaca o 5º Colóquio Latino-Americano de Fotografia, na Cidade do México, em 1996. No fim da década de 1990, com Tiago Santana, Antonio Augusto Fontes, Ed Viggiani e Elza Lima, desenvolve o projeto Brasil sem Fronteiras, documentando as cidades fronteiriças do Oeste do País.
Atualmente, Celso também está em cartaz no Consulado do Brasil em Vancouver, Canadá, com a Exposição “Brasil Bom de Bola”, em que retrata em 22 fotografias, jogadores de futebol amador pelo seu País natal, a partir de imagens que também compuseram o livro do fotógrafo, lançado em 1998, com título homônimo ao da mostra em Vancouver, que permanece aberta até 06 de janeiro de 2023.