A atriz premiada com o Globo de Ouro por sua atuação em “Ainda Estou Aqui” (direção de Walter Sales, em 2024), Fernanda Torres, elencou alguns livros para conhecer a história do Brasil. A curadoria foi feita antes de sua viagem com a equipe do filme pelo mundo afora, mas a lista fez sucesso nesta semana.
A publicação foi feito nas redes sociais, depois da repercussão de Memórias Póstumas de Brás Cubas, onde uma leitora americana fez a resenha da obra.
Conheça as indicações de Fernanda Torres:
Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa
Publicado originalmente em 1956, Grande sertão: veredas , de João Guimarães Rosa, revolucionou o cânone brasileiro e segue despertando o interesse de renovadas gerações de leitores. Ao atribuir ao sertão mineiro sua dimensão universal, a obra é um mergulho profundo na alma humana, capaz de retratar o amor, o sofrimento, a força, a violência e a alegria.
Esta nova edição conta com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago. Dispostos cronologicamente, os ensaios procuram dar a ver, ao menos em parte, como se constituiu essa trama de leituras.
A capa do volume é reprodução da adaptação em bordado do avesso do Manto da apresentação, do artista Arthur Bispo do Rosário, com nomes dos personagens de Grande sertão: veredas . O projeto gráfico conta ainda com desenhos originais de Poty Lazzarotto, que ilustrou as primeiras edições do livro.
Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
Em 1881, Machado de Assis lançou aquele que seria um divisor de águas não só em sua obra, mas na literatura brasileira: Memórias póstumas de Brás Cubas . Ao mesmo tempo em que marca a fase mais madura do autor, o livro é considerado a transição do romantismo para o realismo. Num primeiro momento, a prosa fragmentária e livre de Memórias póstumas , misturando elegância e abuso, refinamento e humor negro, causou estranheza, inclusive entre a crítica. Com o tempo, no entanto, o defunto autor que dedica sua obra ao verme que primeiro roeu as frias carnes de seu cadáver tornou-se um dos personagens mais populares da nossa literatura. Sua história, uma celebração do nada que foi sua vida, foi transformada em filmes, peças e HQs, e teve incontáveis edições no Brasil e no mundo, conquistando admiradores que vão de Susan Sontag a Woody Allen.
Macunaíma, de Mário de Andrade
Obra-prima do Modernismo brasileiro, Macunaíma foi escrito por Mário de Andrade em 1928 e ainda hoje é um livro fundamental para compreendermos nossa diversidade cultural. Nasceu a partir de uma vasta pesquisa linguística do autor e reflete, por meio da mistura de lendas, mitos e histórias populares, a busca de uma identidade nacional afastada pela colonização. “Brasileiros, chegou a hora de realizar o Brasil”. dizia o criador do anti – herói nascido na selva amazônica e transformado em um dos personagens mais estudados de todos os tempos no país.
Tristes Trópicos, de Claude Lévi-Strauss
Tristes trópicos: neste título já se condensa toda a beleza de uma obra magistral. Inclassificável em sua grandeza humana. Narrativa de viagem ou ensaio de ciência? Em sua prosa poética, melancólica, irônica, Claude Lévi-Strauss desloca parâmetros consagrados, questionando ao mesmo tempo viajantes e cientistas. Sua imaginação criadora nunca abre mão da reflexão lógica mais rigorosa.O Brasil que aqui se revela está muito além da provinciana cidade de São Paulo. Pois o mundo perdido dos cadiueu, dos bororo, dos nambiquara e dos tupi-cavaíba tem seus próprios estilos e linguagens. Somos ainda humanos o bastante para compreendê-los? É essa pergunta que faz de Tristes trópicos não só um clássico da etnologia e dos “estudos brasileiros”, mas uma obra universal, sem fronteiras, sobre a crise do processo civilizatório na modernidade.
Escravidão (trilogia), de Laurentino Gomes
A Trilogia Escravidão, do aclamado jornalista Laurentino Gomes, é um marco do mercado editorial brasileiro. Neste box especial, os leitores terão acesso aos três livros da série que conta a história da escravidão no Brasil desde os primeiros leilões de cativos em Portugal, em 1444, até a Abolição, em 1888.
Ricamente ilustrada com imagens, documentos, mapas e tabelas, a obra reúne ensaios e reportagens de campo ― resultados de seis anos de pesquisas em centros de estudos, bibliotecas, museus e locais históricos de doze países e três continentes. Uma leitura indispensável para todos que querem aprender sobre a origem e as profundas consequências da escravidão no nosso país.
Ao Vencedor, as Batatas, de Roberto Schwarz
Refletindo sobre as contradições entre ideias liberais e sociedade escravista no Brasil, o autor faz uma análise detalhada de Senhora, de José de Alencar, e dos primeiros romances de Machado de Assis. Estes ensaios concisos e brilhantes – entre eles o famoso “As ideias fora do lugar” – se tornaram um paradigma de excelência para a crítica cultural brasileira.
Álbum de Família, de Nelson Rodrigues
Esta é uma narrativa que desafia tabus, explorando temas polêmicos como traição, ciúmes, morte e, acima de tudo, incesto, em meio a uma trama de tragédia familiar.
Nelson Rodrigues, conhecido por desmistificar a imagem aparentemente normal das instituições familiares, provocou críticas e adquiriu a reputação de autor maldito no cenário dramático brasileiro da época.
Nesta nova edição, você encontrará um posfácio escrito pelo renomado crítico literário André Seffrin e uma orelha assinada por Eduardo Moreira, o ator que interpretou o personagem Guilherme na famosa montagem do Grupo Galpão nos anos 1990.