O Sebrae/CE promoveu na noite da última quarta-feira, 19 de agosto, a segunda edição do programa Diálogos Terciários, que tem o objetivo de contribuir para uma maior reflexão sobre o presente e o futuro das atividades do setor terciário: comércio e serviços. O programa, que teve como tema “Turismo de base comunitária: como empreender?”, está disponível no canal do Sebrae/CE no YouTube.
Nesta edição, os debatedores foram a economista e gestora de Turismo e Economia Criativa do Sebrae/PB, Regina Amorim e o turismólogo e gerente de turismo criativo da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Recife (PE), João Paulo da Silva e como mediador o superintendente do Sebrae/CE, Joaquim Cartaxo.
Em sua exposição, Regina Amorim falou inicialmente sobre a experiência desenvolvida pelo Sebrae Paraíba no fortalecimento do turismo rural. “Nós fomos avançando nesta ideia da interiorização do turismo e desde 2012 conseguimos dar um upgrade no turismo da Paraíba, porque começamos a trabalhar o projeto de turismo de experiencia com foco na economia criativa, na economia da experiencia e na produção associada ao turismo. A internalização destes conceitos faz com que ainda hoje as comunidades continuem sendo criativas, inovadoras, sem esperar que o Sebrae esteja lá”.
Segundo ela, um dos grandes fatores que contribuem para o êxito das comunidades que conseguem se desenvolver a partir do turismo de base comunitária é a presença de lideranças capazes de inspirar e ajudar a transformar a realidade local. “A liderança é fundamental no processo de desenvolvimento local sustentável do território. As lideranças são agentes de mudança, que transformam seguidores em líderes e de forma coletiva, priorizam as necessidades do lugar e de quem mora nele”.
Regina também destacou a realização da Ruraltur, feira de turismo rural, que acontecerá de 1 a 4 de setembro, de forma online. “Realizamos a primeira Ruraltur em 2005 e hoje nós chegamos a 16ª de forma totalmente digital. Enquanto o mundo praticamente parou para o turismo, a Ruraltur está proporcionando para os destinos do Brasil e da Paraíba essa promoção, essa visibilidade, essa abrangência do que é o mundo rural e é extremamente gratificante ver tantas pessoas que estão tendo a primeira experiência de entrar no mundo digital e com certeza esta possibilidade de ser visto e de realizar negócios pelo mundo digital será uma experiência sem volta”.
A gestora do Sebrae Paraíba falou ainda que o cenário de pós pandemia favorecerá as iniciativas de turismo de base comunitária. “O cenário atual traz um novo perfil de turista que procura por experiências únicas, inusitadas e que possibilitem mais imersão cultural com responsabilidade social e ambiental. Além disso, o turismo comunitário não é um turismo de massa, então não há aglomeração”.
Turismo criativo
Em sua intervenção, João Paulo falou sobre o conceito de turismo criativo e sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido em comunidades do Recife nesta área. Segundo ele, a principal diferença do turismo criativo das demais práticas de turismo é a interação verdadeira com a comunidade. “O turismo criativo é muito mais do que só observar, você mergulha na identidade local e no saber fazer local. O turista sai do local não com o sentimento de que visitou a comunidade, mas de que a comunidade o visitou”.
De acordo com o gerente de turismo criativo da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer do Recife, o turismo criativo veio para desmistificar esta associação do turismo de base comunitária com um serviço baixa qualidade. “Há uns três, quatro anos nós iniciamos um movimento em Recife de inserção do turismo em algumas comunidades que tem como modelo de gestão o turismo de base comunitária, só que a gente acabou agregando este conceito do turismo criativo, que é uma tendência que vem se consolidando na Europa, e que no Recife foi a forma que encontramos de tentar mostrar que é possível visitar uma comunidade turística e ter um serviço de excelência, comer uma excelente comida, ter um atendimento de qualidade e sair encantado”.
João Paulo destacou também cinco princípios que ele considera fundamentais para desenvolver o turismo de base comunitária em algum território: autogestão, participação popular, identidade local, cooperação e atuação em rede. “Não precisa inventar a roda, o que estas comunidades têm de melhor é a sua própria identidade. E estas comunidades se desenvolvem a partir do momento que elas se unem em torno de um propósito comum para desenvolver a atividade turística, a atividade produtiva”.
Sobre a atuação em rede, o gestor falou sobre a criação da Rede Nacional de Experiência de Turismo Criativo, fundada em 2017 em Recife. “A rede foi criada a partir da união de duas experiências de turismo de base comunitária de Recife e esta rede ia ser estadual, mas como pensar pequeno dá o mesmo trabalho que pensar grande, nós resolvemos unir outras iniciativas Brasil a fora e criar esta rede nacional”.
João Paulo apresentou ainda os cases de turismo criativo nas comunidades da Bomba do Hemetério e na Ilha de Deus, em Recife. O primeiro trabalha as experiências da comunidade e dos produtores locais ligadas as atividades carnavalescas da capital e a segunda apresenta aos turistas a experiência de uma comunidade pesqueira da cidade. “O turismo nas comunidades é viável e algo totalmente inovador, pra frente e encantador”.
Diálogos Terciários
Quinzenalmente, o programa Diálogos Terciários, promovido pelo Sebrae/CE, como parte das ações da Experience-Escola do Conhecimento Sebrae, trará especialistas de todo o país para discutir cenários e perspectivas paras as atividades do setor terciário da economia. O setor, que engloba as atividades ligadas ao comercio e serviços, tem um papel fundamental na economia brasileira e mundial. No caso do Ceará, por exemplo, dos cerca de 526 mil pequenos negócios formalizados, 84% deles estão neste setor econômico.
Serviço
Diálogos Terciários- Turismo de base comunitária: como empreender?
Onde assistir: youtube.com/portalsebraenoceara