O artista visual e designer cearense Matheus Dias — ou MDias Preto, como também é conhecido — acaba de abrir sua primeira exposição, intitulada “Campo de Passagem”, na CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais. A individual foi a premiação da 2ª edição do Prêmio Décio Noviello. MDias Preto foi aluno de diversas formações da área de Artes Visuais na Escola Porto Iracema das Artes, instituição da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). É a primeira vez que um artista natural do Ceará vence a premiação.
A mostra Campo de Passagem, de Matheus Dias, reúne elementos da fotografia e da colagem, em mesclas que retratam sua trajetória pessoal e os enfrentamentos e lutas antirracistas e decoloniais, provocando reflexões sobre corpos dissidentes. O trabalho surge da vivência do artista, especialmente no final de 2019, ao refletir sobre o apagamento de sua identidade, acarretado por uma série de traumas, como bulliyng e assédios, além de preconceitos sociais atrelados ao corpo negro e à desvalorização da arte no Brasil.
“O Campo de Passagem é a construção de um portal de transmutação, de viagem de presente, passado e futuro. É esse grande olhar para trás e para frente pensando o que eu quero ser”, comenta MDias. A pesquisa do artista remete à história da sua família, em um intenso processo de rememoração e reconexão com a arte-terapia. Para ele, as obras também simbolizam um processo de reflexão e amadurecimento. “Um trabalho de cura, de trazer questões raciais, de gênero, da não binariedade, de homofobias e outras inúmeras questões que passaram pela minha trajetória”, relembra.
SOBRE O ARTISTA
Matheus Dias, 24 anos, é artista visual que trabalha com fotografia, colagens digitais e manuais, vídeo e design gráfico. Busca tencionar questões LGBTQIA+, de raça, corpo e gênero. Descreve seu trabalho como processo de cura e descarrego das tensões cotidianas. Uma bixa preta, vinda da periferia que descobriu na arte um meio de expor suas belezas e feridas.