(Via Diário do Nordeste – 25 de janeiro de 2020)
As viagens internacionais no Aeroporto de Fortaleza tiveram um incremento de 38% no ano passado, totalizando 547 mil embarques e desembarques. Em relação ao Nordeste, o Estado ocupou o primeiro lugar, à frente de Salvador e Recife, que registraram 432 mil e 537 mil chegadas e partidas, respectivamente. Para especialistas do setor aéreo, as novas políticas da nova administração do terminal, juntamente com o Estado, têm contribuído para a vinda de novas companhias aéreas para o Estado, o que deixou o terminal mais competitivo na Região.
Após dois anos sob administração do grupo alemão Fraport, o Aeroporto registrou saldos positivos com relação ao crescimento da movimentação de voos nacionais e internacionais. No ano passado, os voos domésticos e internacionais totalizaram 7 milhões de operações no terminal, uma alta de 8,7%. Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Em 2018, foram 6,5 milhões de operações de chegadas e partidas. Já os voos internacionais, por sua vez, atingiram 395 mil, em igual período. Com a nova concessão, a administradora iniciou reformas no terminal, que já chegaram a 95% de conclusão. Mesmo em obras, o terminal já despertou interesses de companhias internacionais, que pretendem fortalecer sua atuação no País através da realização de novos voos no Ceará.
Parcerias
Liderando de forma inédita o ranking de voos para o exterior no Nordeste, a nova estrutura do terminal da Capital, atrelada às políticas de incentivo, influenciaram o resultado. É o que pontua o professor Cláudio Jorge Alves, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Já para um consultor do mercado aéreo que falou sob anonimato, as ações de marketing do Estado são fatores que fortaleceram a imagem da Capital no exterior.
“Hoje, Salvador tem Vinci, Recife com Aena, Fortaleza com a Fraport, Natal com a Corporação América… Provavelmente, a Fraport teve uma política melhor. Talvez o Governo do Ceará esteja mais avançado em uma política de turismo lá fora ou até mesmo aqui no Brasil para trazer gente. Isso tudo impacta. Se o Estado gasta mais em marketing de turismo, enquanto os outros gastaram menos, a tendência natural é Fortaleza começar a receber mais passageiros que Salvador e Recife”, avaliou.
Turismo de negócios
Cláudio Jorge acrescenta que Fortaleza tem se destacado no crescimento de setores ligados à tecnologia, como energia e comunicação, o que estimula o turismo de negócios.
“A cidade tem se dedicado em diversas áreas tecnológicas, como o lado da energia, tecnologia da informação, comunicação, que tem atraído o turismo de negócios. E isso transformou em um hub forte do Brasil. Possivelmente está disputando o volume de voos com Brasília, dado a maior oferta de voos internacionais e a localização do aeroporto de Fortaleza, que é estratégica”, estima.
Questão regional
Os voos domésticos do Aeroporto de Fortaleza acumularam 6,5 milhões de operações, obtendo progresso de 6,8% no ano passado. Assim, a cidade permaneceu em terceiro lugar no ranking, atrás de Salvador e Recife, que registraram 6,9 milhões e 8,1 milhões de operações, consecutivamente.
“Já esperávamos que em relação aos voos domésticos não seria um resultado de liderança. Isso porque Recife tem um hub da Azul com operações desse tipo por lá. Mas Fortaleza teve uma movimentação boa de domésticos com voos da Latam, ficando na frente de Salvador alguns meses”, explica Igor Pires, engenheiro aeronáutico.
Em busca de fortalecer a atuação regional do Ceará, o Governo Estadual anunciou, no fim de 2019, um acordo com a GOL Linhas Aéreas que garantirá voos regionais a oito municípios cearenses neste ano: Sobral, São Benedito, Tauá, Crateús, Iguatu e Aracati, semanalmente, e ganhará três voos diários para Jericoacoara e dois voos diários para Juazeiro do Norte.
Ainda conforme Cláudio Jorge Alves essa parceria será um ponto-chave para explorar esse mercado, que pode despertar interesses de outras companhias. “Isso vai intensificar o movimento de voos internacionais no interior do Estado. Eu acho que ainda há um mercado para ser aproveitado. E agora com a entrada de outros players no setor, pode ser que aumente”, avalia.
Já Pires acredita que a medida deverá beneficiar principalmente o município e o aeroporto de Jericoacoara, diante da quantidade de assentos ofertados em aeronaves diariamente, caso o plano obtenha sucesso. “Eu vejo um bom incremento para Jericoacoara, que deve ter um avião para 36 pessoas operando. Já nas outras regiões, não é de se comemorar o número de passageiros, mas sim a variedade de destinos, porque diversifica a quantidade de regiões contempladas”, pontua.
Fonte: Diário do Nordeste